Passo fatal para o sectarismo A História está repleta de exemplos de zelosos reformadores de religião; homens cuja honestidade é inquestionável, cujos esforços requereram enormes sacrifícios e, ainda, que conseguiram apenas formar mais uma "seita" religiosa. Tão freqüente é este o caso, que uma reforma muito necessária é desencorajada. Críticas das práticas correntes, com legítimos apelos "para voltar à Bíblia", são sufocadas por acusações de "heresia" e "nova seita". Temos que concluir que tradição é autoridade divina? Que erro torna reformadores necessários, honestos, instruídos, em "novas seitas"? A heresia genuína tem muitas falhas, mas estamos aqui preocupados com um passo fatal que transforma a face de heróica restauração em feio sectarismo. "Heresia" é, essencialmente, "opinião voluntariosa, em lugar da submissão ao poder da verdade", e uma "seita" é "a divisão, ou partido formado", quando a verdade é abandonada. Observe que a VERDADE precisa ser (previamente) determinada, seus padrões estabelecidos, antes que a "heresia" possa ser definida. Não podemos saber se alguém se afastou do lar, enquanto não fixamos um lugar de residência. Os judeus acusaram Paulo de "heresia" (Atos 24:5,14) e, se pudéssemos aceitar o padrão de verdade deles (judaísmo) concordaríamos que a acusação era justa. Os católicos romanos disseram que os reformadores primitivos eram "heréticos"; e eram mesmo, pelos padrões católicos romanos. Mas ninguém é herético diante de Deus, a menos que se afaste do padrão da verdade de Deus. Um pequeno grupo pode (como é o caso de Paulo e seus irmãos) abandonar um grupo religioso grande e popular (a religião judaica) e, aos olhos desse grande grupo, tornar-se uma "seita". Na realidade, diante de Deus, esse grupo está simplesmente se voltando para a Verdade; Neste caso, não é o novo grupo, mas aquele assim chamado grupo "mãe" que coloca as tradições humanas acima da autoridade divina. Mas por que tantos destes honestos esforços para "voltar à verdade" terminam realmente na formação de outra seita? Uma vez que a verdade completa é o princípio pelo qual a heresia é determinada, a resposta está profundamente escondida numa sutil mudança de atitude para com a verdade. Quando um partido começa a considerar sua PRÁTICA como o equivalente a VERDADE, o passo fatal para o sectarismo é dado. Este é um passo astutamente enganador, tão facilmente dado. A razão: a verdadeira igreja é aquele grupo de pessoas que aceita e obedece à verdade, certo? Aceitamos e obedecemos à verdade, portanto somos a igreja verdadeira, certo? Então, somente aqueles que fazem como fazemos são membros da verdadeira igreja! A passagem do padrão divino para o humano é feito tão suavemente que muitos membros de um grupo chamado "Igreja de Cristo" nunca reconhecem sua presença. Outros passos seguem. Tendemos a confiar em "nossos" estudiosos para proverem as respostas aos problemas doutrinários; e o que "nossa" irmandade determinar tem que ser seguro e firme. "Nossa" prática não pode ser questionada, especialmente se a maioria dos "nossos" irmãos a aceita. Antes que o percebamos, estamos julgando a lei de Deus pelos "nossos" padrões. Se alguém procurasse beber da pura fonte da palavra de Deus sem o "benefício" de "nossas" tradições e vocabulário, gritaríamos "heresia!"; e se conseguíssemos fazê-lo sair de "nosso" prédio, gritaríamos "seita". O passo fatal já tinha acontecido muito antes, quando perdemos nossa visão objetiva da Verdade de Deus; e esquecemos que somos súditos, e não juízes da lei (Tiago 4:7-12). (Leia cuidadosamente 2 Coríntios 10:12-18). Algumas pessoas podem usar este artigo para justificar uma ênfase exagerada e irracional num ponto peculiar de doutrina, e outros podem preferir os padrões partidários, antes que se arriscarem a associar-se com "esses birutas"; mas o princípio permanece. Ou aprendemos a obrigação individual e a dedicação à palavra de Deus, ou estaremos perdidos no sectarismo. - por Robert F. Turner
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